domingo, 10 de janeiro de 2010

Lula, o Filho do Brasil - Bilheteria de filme segue o mapa eleitoral de Lula


É maior do que se esperava a relação entre a cena política atual e a bilheteria do filme Lula, o Filho do Brasil. Nas regiões do país que tradicionalmente apóiam mais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o público compareceu em massa às salas. As urnas acabaram pesando na hora de decidir o que assistir.
“O filme teve desempenho semelhante ao mapa eleitoral de Lula: excelente no Nordeste, bom no Rio de Janeiro, muito bom em determinados pontos de São Paulo, ruim na capital paulista e rejeição no Sul”, conta Pedro Butcher, editor do boletim Filme B, especializado em números do mercado cinematográfico. Em seu primeiro final de semana, o longa-metragem de Fabio Barreto levou 193 mil pessoas aos cinemas.

O filme estreou em 354 salas de todo o país no dia 1º de janeiro, quando muitas pessoas ainda estavam viajando. Além disso, a data coincidiu com o segundo final de semana de exibição de Avatar, do diretor americano James Cameron, cuja procura por ingressos esteve muito acima do esperado.

Lula, o Filho do Brasil conta a história real de como Lula saiu do sertão pernambucano e se tornou um influente líder sindical, temperada por dois casamentos e uma tocante relação com dona Lindu, sua mãe. Por mais que a publicidade tenha se esforçado para mostrar Lula como a trajetória de um brasileiro comum que teimou e triunfou, o filme sofreu preconceito por parecer essencialmente político.

“Janeiro favorece mais filmes infanto-juvenis, ‘para toda a família’, e por causa de toda a discussão em torno de Lula, este se enquadrou, infelizmente, como um filme adulto”, afirma Bruno Wainer, da Downtown Filmes, distribuidora da cinebiografia. Ainda assim, segundo Wainer, a projeção é de que Lula, o Filho do Brasil tenha acumulado 400 mil ingressos até quinta-feira — mais que o dobro da bilheteria do final de semana.

“Em relação à expectativa às vésperas do lançamento, já respirei aliviado. Depois de um mês e meio de gente acusando o filme de tudo que é jeito, isso é um milagre, uma prova de resistência. Não foi um número tão ruim para jogar a toalha, nem tão sólido para abrir champagne”, argumenta.

Agora em sua segunda semana, Lula, o Filho do Brasil segue em cartaz em 24 estados, com o mesmo número de salas da estreia, 354. Para a Downtown Filmes, é preciso ver como Lula vai continuar resistindo ao fenômeno Avatar, à entrada de Sherlock Holmes no circuito e se o boca-a-boca e as promoções vão ajudar. “A gente sabe que as centrais sindicais estão de férias coletivas, a partir do dia 11 uma boa parte do operariado volta”, comenta Wainer.

Promoção para o trabalhador

Sem envolver dinheiro público, a distribuidora articulou uma promoção junto ao circuito exibidor e às entidades sindicais. A partir desta sexta-feira (e do próximo dia 15 na rede UCI), os trabalhadores associados a qualquer sindicato vão poder pagar meia-entrada em toda sala onde Lula, o Filho do Brasil estiver sendo exibido. Basta chegar à bilheteria do cinema com a carteirinha de filiação do sindicato e mais um documento original com foto.

A iniciativa partiu da Downtown, da Europa Filmes — que lançará o filme em DVD, a preços populares — e da produtora LC Barreto. O compromisso assumido pelas entidades sindicais é divulgar a promoção. “É um procedimento comum criar promoções para determinados filmes, seguindo o perfil de cada um deles”, conta Bruno Wainer. “Imaginamos que um público-alvo claro é o trabalhador sindicalizado. Afinal, Lula é o maior líder sindical da história do Brasil e chegou à presidência através dessa militância.”

Para Quintino Severo, secretário geral da CUT, a ação é válida por facilitar o acesso à cultura a uma parcela da população que nem sempre tem condições de desembolsar o valor do ingresso. “A situação econômica de boa parte dos trabalhadores requer prioridades, e é a parte cultural que acaba relegada ao segundo plano. À medida que há um incentivo de participação, como a da entrada mais barata, as pessoas são motivadas a assistirem ao filme.”

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